UNO Octubre 2015

Brasil e Portugal, uma parceria cada vez mais necessária

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A globalização da economia tem vindo a conduzir nas últimas décadas à formação de blocos regionais, em que os países procuram ganhar escala e sinergias, cada vez mais exigidas pela competitividade global. Daí a formação dos espaços regionais como a UNIÃO EUROPEIA (EU) e o MERCOSUL, onde Portugal e Brasil se encontram inseridos – além evidentemente da futura Plataforma da CPLP infelizmente ainda numa fase pouco avançada. O que a experiência tem no entanto demonstrado é que não é fácil integrar economias, harmonizar as fiscalidades, introduzir uma moeda comum, conseguir equilíbrios económicos e financeiros em países em diferentes estados de desenvolvimento e controlar os efeitos das crises cíclicas, em que o modelo de desenvolvimento capitalista é fértil.

É neste ambiente que o papel das Câmaras de Comercio e Indústria –como a Luso-Brasileira (CCILB)– têm um papel ainda mais relevante, como promotores de negócios entre os empresários dos países, como os do Brasil e de Portugal

Por esta e outras razões o Brasil e Portugal vivem hoje profundas crises, que tendo raízes diferentes, acabam por ter efeitos semelhantes: politicas de austeridade agressivas, detecção de deficientes mecanismos de supervisão que conduzem à instabilidade e a uma perda de confiança nos sistemas de governança e da democracia. No entanto a necessidade de cada vez mais se estreitarem as relações bilaterais e multilaterais entre os países e regiões, obriga a que se encontrem mecanismos que conduzam a um maior internacionalização da empresas e à procura de parcerias que aumentem a criação e distribuição de riqueza.

É neste ambiente que o papel das Câmaras de Comercio e Indústria –como a Luso-Brasileira (CCILB)– têm um papel ainda mais relevante, como promotores de negócios entre os empresários dos países, como os do Brasil e de Portugal.
14Embora a crise brasileira tenha contornos políticos muito vincados, a verdade é que, sendo o Brasil um país com uma politica marcadamente proteccionista, e um enorme mercado interno –embora com um desenvolvimento muito desequilibrado em termos internos– não é fácil a um país como Portugal, com uma economia muito aberta, um pequeno mercado interno e empresas pouco capitalizadas fortalecer as relações económicas bilaterais, aumentar o relacionamento comercial e servir de ponte nas relações multilaterais entre a EU e o Mercosul. Contudo é cada vez mais importante que tal aconteça a bem das duas economias.

A visão da nova Direcção da CCILB –recentemente eleita– é a de que a Câmara deve ser essencialmente um Centro de Negócios entre os dois países realizando eventos que conduzam ao estabelecimento de parcerias comerciais concretas –de exportação e de investimento– através do contacto pessoal entre os empresários dos dois países, fugindo o mais possível ao discurso vago e generalista que, em regra, não conduz á concretização de oportunidades de negócio.

Por outro lado a CCILB deve centrar a sua acção especialmente na promoção de eventos que envolvam as PMEs dos dois países, que são quem mais necessita de suporte, pondo á disposição dos empresários instrumentos tais como suporte logístico, apoio legal e informação sobre os mercados e de natureza macro e micro económica.

Ainda parece importante para o sucesso da acção da CCILB que se assinem acordos de parceria que mediatizem as acções da Câmara, que facilitem a realização de “happy-hours” regularmente onde os empresários se encontrem e se conheçam além, evidentemente, de uma forte ligação à AICEP e à APEX, entidades promotoras de negócios bilaterais, procurando a CCILB ter uma acção complementar e diferenciadora. A CCILB tem de ser vista pelos empresários como uma entidade útil aos seus negócios. Este poderá ser o segredo do seu sucesso!

É pois essencial que se fortaleça uma relação comercial que honre a história e amizade que une os dois países há séculos

A balança comercial e do IDE entre Portugal e o Brasil são hoje, além de desequilibradas, insuficientes. Em particular o Brasil não tem aproveitado bem as oportunidades que em Portugal se têm aberto no domínio das privatizações em sectores-chave da economia portuguesa.

Apesar de haver já um significativo número de empresas de ambos os países que procuram a internacionalização no quadro da EU e do Mercosul não é suficientemente relevante É pois essencial que se fortaleça uma relação comercial que honre a história e amizade que une os dois países há séculos.

Esse é o trabalho para o qual teremos de trabalhar!

 

Francisco Murteira
Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira / Portugal
Na sua longa carreira destacam-se a sua passagem pela Companhia Portuguesa Rádio Marconi, onde iniciou a sua carreira profissional, tendo chegado a Presidente do Conselho de Administração desta empresa, funções que exerceu de 1978 a 1982. Foi vice-presidente da Sorefame (1982-1983) e presidente da Portugal Telecom (1996-2003) num período determinante para o sector das TIC em Portugal. É atualmente Senior Partner da SaeR – Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco, presidente da Mesa de Assembleia Geral da Ordem dos Economistas e presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira. Em Dezembro de 2007 foi eleito Bastonário da Ordem dos Economistas. [Portugal]

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